segunda-feira, 15 de março de 2010


Bullying contra alunos com deficiência

A violência moral e física contra estudantes com necessidades especiais é uma realidade velada. Saiba o que fazer para reverter essa situação

Conversar abertamente sobre a deficiência derruba barreiras
SANTO REMÉDIO A professora Maria de Lourdes falou com toda a turma sobre a deficiência de um colega. Foto: Marina Piedade"Resolvi explicar que o Gabriel sofreu má-formação ainda na barriga da mãe. Falamos sobre isso numa roda de conversa com todos."Maria de Lourdes Neves da Silva, professora da EMEF Professora Eliza Rachel Macedo de Souza, em São Paulo, SP
Quando a professora Maria de Lourdes Neves da Silva, da EMEF Professora Eliza Rachel Macedo de Souza, na capital paulista, recebeu Gabriel**, a reação dos colegas da 1ª série foi excluir o menino - na época com 9 anos de idade - do convívio com a turma. "A fisionomia dele assustava as crianças. Resolvi explicar que o Gabriel sofreu má-formação ainda na barriga da mãe. Falamos sobre isso numa roda de conversa com todos (leia no quadro abaixo outros encaminhamentos para o problema). Eles ficaram curiosos e fizeram perguntas ao colega sobre o cotidiano dele. Depois de tudo esclarecido, os pequenos deixaram de sentir medo", conta. Hoje, com 13 anos, Gabriel continua na escola e estuda na turma da professora Maria do Carmo Fernandes da Silva, que recebe capacitação do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai), da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, e está sempre discutindo a questão com os demais educadores. "A exclusão é uma forma de bullying e deve ser combatida com o trabalho de toda a equipe", afirma. De fato, um bom trabalho para reverter situações de violência passa pela abordagem clara e direta do que é a deficiência. De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do S.O.S. Down - Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down, em São Paulo, é normal os alunos reagirem negativamente diante de uma situação desconhecida. Cabe ao professor estabelecer limites para essas reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas por meio da conscientização e do esclarecimento. Não se trata de estabelecer vítimas e culpados quando o assunto é o bullying. Isso só reforça uma situação polarizada e não ajuda em nada a resolução dos conflitos. Melhor do que apenas culpar um aluno e vitimizar o outro é desatar os nós da tensão por meio do diálogo. Esse, aliás, deve extrapolar os limites da sala de aula, pois a violência moral nem sempre fica restrita a ela. O Anexo Eustáquio Júnio Matosinhos, ligado à EM Newton Amaral Franco, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, encontrou no diálogo coletivo a solução para uma situação provocada por pais de alunos. Este ano, a escola recebeu uma criança de 4 anos com deficiência intelectual e os pais dos coleguinhas de turma foram até a Secretaria de Educação pedir que o menino fosse transferido. A vice-diretora, Leila Dóris Pires, conta que a solução foi fazer uma reunião com todos eles. "Convidamos o diretor de inclusão da secretaria e um ativista social cadeirante para discutir a questão com esses pais. Muitos nem sabiam o que era esse conceito. A atitude deles foi motivada por total falta de informação e, depois da reunião, a postura mudou."
Seis soluções práticas
- Conversar sobre a deficiência do aluno com todos na presença dele. - Adaptar a rotina para facilitar a aprendizagem sempre que necessário. - Chamar os pais e a comunidade para falar de bullying e inclusão. - Exibir filmes e adotar livros em que personagens com deficiência vivenciam contextos positivos. - Focar as habilidades e capacidades de aprendizagem do estudante para integrá-lo à turma. - Elaborar com a escola um projeto de ação e prevenção contra o bullying.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010



Câmara aprova projeto contra bullying nas escolas


Projeto é de autoria dos vereadores Paulo Siufi (PMDB) e Professora Rose (PSDB)Foto: Izaias Medeiros/Câmara da Capital Projeto é de autoria dos vereadores Paulo Siufi (PMDB) e Professora Rose (PSDB)Foto: Izaias Medeiros/Câmara da Capital


Escolas municipais da Capital devem incluir em seus projetos pedagógicos medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying. Isso é o que propõe o projeto de lei aprovado durante sessão ordinária desta quinta-feira (18) na Câmara de Vereadores.
De autoria do presidente da Casa de Leis, Paulo Siufi (PMDB), e Professora Rose (PSDB), o projeto pretende diminuir a violência física e moral praticada entre os estudantes.
De acordo com a proposta, as escolas haverá capacitação de docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema e orientação às vítimas.
Conforme o texto, explica assessoria da Câmara, entende-se por bullying, “a prática de atos violência física ou psicológica, de modo intencional e repetitivo, exercida por indivíduo ou grupos de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidar, agredir, causar dor, angústia ou humilhação à vítima”.
“Nossas crianças ou a maioria delas está em contato com atos violentos em todas as esferas de seu relacionamento”, diz Siufi.
Segundo Professora Rose, a vítima é aquela que é frequentemente ameaçada, intimidada, isolada, ofendida, discriminada, agredida. “Recebe apelidos e provocações. Tem seus objetos pessoais furtados ou quebrados”, comenta.
Ao menos 60% dos adolescentes entre 14 anos e 19 anos de idade sofrem ou sofreram bullying, segundo pesquisa realizada pela Unesco em Brasília, Fortaleza, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.
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" Nenhum de nós é tão bom,
quanto todos nós juntos".
" Somos todos diferentes e são essas,
diferenças que nos tornam especiais." "Nenhum de nós é tão bom,
quanto todos nós juntos."